TRADUÇÃO

terça-feira, 31 de maio de 2011

uma Resposta para o Balta...

Eu já vivi mais de 40 anos. Conheço embaraços, micos, sorrisos, trejeitos. Mas ainda desconheço. Tenho mais de 20 anos, mas já nasci velha. Não existem soluções plásticas quando a idade é uma marca dentro de nós.
Tantos permanecem agitados por dias após uma balada. Outros tantos permanecem cativos após uma grotesca negação de amor. Muitos outros, dementes após um beijo roubado. E o vazio, aqui do lado, é a maior parte do que sou, na indiferença.
Minha alma – se é que eu acredito mesmo nisso! – tem sono, pede cama, fuga para um refúgio que não tem tempo de surgir e me fazer sumir. Importo-me mais com os interesses na minha responsabilidade: Quase nunca chego atrasada ao trabalho. E importo-me menos com aquilo que poderia me fazer gargalhar de gozo. Sinceramente, eu sobrevivo!
Acho que a maturidade tem muito disso. Ser adulto é ser tedioso; é encarar o nada; beijar o ácido e ainda ter que sorrir aos clientes diversos que aparecem nos dias (in) úteis em que temos que servir para alguma coisa. Numa transição, surgem perguntas sem respostas exatas e constantemente assistimo-nos com os braços envoltos numa frágil coluna enquanto o resto de nosso corpo, estendido horizontalmente, como morto, balança, quase solto, em direção ao que tememos e tentamos negar.
Contudo, mais cedo ou mais tarde, chegamos àqueles 40 anos. Estamos quase lá. E já sentimos às vezes o gosto do desespero, resquício ainda dos Dramas que protagonizamos há um tempo. Mas o que predomina em mim agora é o trágico do não se importar. Se me negam o amor, durmo bem do mesmo jeito. Se me roubam um beijo, bocejo. Se quero sorrir, espero. Se pareço viver, desespero. Parece mesmo que todo o suposto equilíbrio da maturidade está na indiferença, o porquê da sobre ou subvivência que, não sei por que, nos faz mais respeitados.

Um comentário: